O documentário tem depoimentos inéditos de artistas, como George Clinton, historiadores e até médicos (Crédito:Divulgação/Curta!)
Ao ouvir a batida envolvente, você já sabe identificar qual ritmo está tocando. Com o corpo se mexendo na dança, é hora agora de descobrir as origens, a importância e os sons que fizeram do funk um dos gêneros musicais mais influentes e queridos, com o documentário inédito “We Want the Funk! – A História da Funk Music”. O filme estreia com exclusividade no Curta! e faz parte da programação especial do canal no Mês da Consciência Negra.
O documentário, que leva o nome de uma música do lendário George Clinton, é uma produção da PBS, com direção de Stanley Nelson e Nicole London. Com depoimentos inéditos de artistas, historiadores, e até médicos que estudam os efeitos da batida do funk no corpo humano, a obra traz imagens de arquivo, de bailes e shows, além de registros de eventos históricos que influenciaram e foram influenciados pelo gênero, com entrevistas com nomes como David Byrne (Talking Heads), Questlove (The Roots), Robert Bell (Kool & the Gang), além do próprio George Clinton (Parliament-Funkadelic), que ajudam a contar a história.
“Say it loud. I’m black and I’m proud. (Diga alto. Sou preto e tenho orgulho!)”, cantou o ícone James Brown, em canção que se tornaria um hino da funk music e dos movimentos negros do século XX. O funk é descolado e bom de dançar, mas o documentário mostra que há muito mais sobre ele do que os sons. A obra aborda o papel da cultura no pós-guerra, como reconstrução dos ânimos. Num país marcado pela segregação e as agressões raciais, os artistas negros eram obrigados a suavizar suas manifestações. Pouco a pouco, ao lado do Black Power, dos Panteras Negras e das passeatas pelos direitos civis, foram se libertando.
“Você ouve a música e pensa que ela é só para dançar, mas num momento de mudanças e alternância política, e novas formas de luta, ela também transmite uma mensagem para essa mobilização popular de pessoas negras protestando nas ruas”, comenta a historiadora Donna Murch sobre a música “Dancing in the street”, single do grupo Martha and the Vandellas.
O funk se tornou a trilha sonora que captou o sentimento de uma mudança geracional. A conformidade não estava mais nos planos e o suingue da Motown, Sly Stone, Kool & The Gang, Earth, Wind & Fire, entre outros, tomou os clubes, rádios, ruas e mentes. Era irresistível aquele som novo e vibrante, que é dissecado no documentário, com os artistas explicando, de forma divertida e clara, o quão vanguardista e diferente é o funk.
“Como o povo deste país não permitia que a gente expressasse qualquer emoção, a música era nossa terapia. Então quando dizem que o funk é liberdade, é disso que se trata”, afirma o músico Questlove.
A obra ressalta o contexto que ajudou a música a florescer, com a migração do sul racista para o norte industrial, mudando a vida das populações negras. Com as características de mutação e vanguarda, o funk segue abrindo novas perspectivas. De um ritmo que embalou os sonhos do afroturismo, colocando o homem preto no centro, agora segue com as novas gerações, que criam sonhos e projetos ao som do funk.
“O funk, por si só, é uma essência de energia. Você está livre de todas as regras, é fácil falar o mesmo idioma. Não é só universal, é interplanetário”, afirma George Clinton.
“We Want the Funk! – A História da Funk Music” é uma produção da PBS. O filme também pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br) a partir do dia 14. A estreia é no dia temático Segundas da Música, 10 de novembro, às 21h20.
